quinta-feira, 28 de abril de 2016

30 - Voltando a normalidade

                                                      

                                                 A partir dessa trigésima postagem, não vou publicar mais diariamente. Vou fazer a manutenção do blog pelo menos uma vez por semana. Todo passo a passo já foi  escrito para vocês e agora  que estou voltando ao normal, não tenho muitos  "causos" para contar rs, no máximo o resultado da Pesquisa de Corpo Inteiro e dos exames complementares. Na ´semana que vem levo tudo para meus médicos e daí em diante será acompanhamento de três em três meses.
                                                 Essa experiência de escrever blog foi além do esperado. Ajudei algumas pessoas a sorrir mais, outras se emocionaram e algumas se apavoraram com o meu jeito nada convencional de ser. Tudo valeu. fiquei feliz por começar tão despretensiosamente e alcançar a marcar de duas mil e setecentas visualizações nesses trinta dias corridos.
                                                  Eu havia lido uma matéria sobre a "blog terapia", que meu namorado me mandou da Itália.  Foi um texto escrito por psicólogos italianos e muito coerente. Explica que quando você assume o câncer, coloca a cara de verdade, fica muito mais fácil lidar com ele. O fato de escrever sobre o assunto te liberta das amarras e faz com que coloque tudo para fora, uma verdadeira terapia que ajuda ao doente e a outras pessoas que o seguem.
                                                  Me senti assim, livre, assumida, feliz por ajudar e ser ajudada.  Foi um divisor de águas na minha vida. Se eu era uma pessoa positiva, cheia de esperanças, agora sou mais ainda. Não sabemos porque certas coisas nos  acontecem , mas quando elas acontecem e servem para uma experiência positiva, é sempre válido.  Deus trabalha de várias maneiras. Como eu sempre disse, antes  de ter esse diagnóstico tenebroso, eu já tentava ser uma pessoa melhor a cada dia e continuarei tentando ser  cada vez mais  mais tolerante,  menos questionadora sobre as atitudes do semelhante. Todo mundo tem  seus problemas, não podemos apontar o dedo nem julgar. 
                                                Não estou dizendo com tudo isso que estou me candidatando ao cargo de Madre Tereza de |Calcutá,  nem poderia. Não sou hipócrita, sou apenas um ser humano querendo melhorar um pouco mais a cada dia.
                                                 Espero nos encontrar em breve, mesmo que seja para falar da minha vida pós câncer. Acho que terão curiosidade de saber o que ando fazendo, como estou fazendo e onde. Não prometo contar tudo rsrsrs , todos nós precisamos  nos envolver em um certo mistério,  mas o que for legal vou relatando.
                                                  Quero que tirem um dia da semana para buscar aqui minhas novidades tá? Vocês leem muito o blog mas não interagem como eu gostaria. Estou à disposição para responder perguntas que por ventura tenham a fazer, Sou uma pessoa acessível e gosto muito de uma boa conversa fiada, como já notaram rs.
                                                  Volto em breve! Não me abandonem porque não vou abandonar o blog, só vou dar uma espaçada nas postagens.  Beijo grande e até logo!!!

quarta-feira, 27 de abril de 2016

29 - abastecendo.....

                                                    




                                                          Segundo dia que tomo meu remédio para normalizar minha vida. Não posso dizer que a diferença está sendo gritante, mas sinto que já estou 5% melhor em relação a ontem e isso é muita coisa.
                                                          Acabou que não vi filme nenhum, documentário nenhum ontem. Fiquei dormindo mais do que a cama e foi a decisão mais acertada. Hoje "Jessica"  não se manifestou. Acredito que ela tenha ido resolver as coisas dela e não volte tão cedo, ou melhor, nunca mais.
                                                          De volta aos planos! Tenho muita coisa na cabeça, muita coisa para resolver mas preciso de força física que já está retornando aos poucos. O meu tanque de combustível está enchendo bem devagar e em duas semanas estará completo. Enquanto isso não paro de planejar minha vida. Já disse em outra postagem que planejar é fundamental.
                                                         Já pesquisei com Danilo sobre a viabilidade de meu medicamento na Itália e tudo ok.  Tem o mesmo remédio lá, mesmo nome, dosagens e o preço é a metade.  Fiquei um pouco mais tranquila. Em Roma tem hospitais que podem me atender. Não é essa Brastemp toda como os brasileiros dizem, mas ainda é melhor do que alguns lugares daqui. Resolvi manter meu plano de saúde porque nas minhas idas e vindas  pela terrinha me sentirei mais segura em procurar meus médicos.
                                                           A falta de concentração ainda é grande, por isso parei de estudar a língua italiana.(faço isso em casa mesmo  com meus livros. Sou autodidata) . Por enquanto, me limito  a corrigir algumas coisas que Danilo fala em português. Me divirto com ele. Fala muito bem a minha língua mas às vezes insiste em certas palavras que  não encaixam no contexto. Peço para ele me corrigir também e assim vamos aprendendo juntos.
                                                          Ainda não me sinto em condições de ler muito porque exige além da concentração que já falei, também a visão que está voltando ao normal aos poucos. Falta de foco, esquecimento... tudo isso prejudica, inclusive minhas postagens que hoje vai ficando por aqui. Vou escrever menos. Escrever pela manhã é melhor porque a carga está um pouco maior, mas dura pouco. Preciso usar essa energia que está voltando para fazer outras coisas, aos poucos, porque dormir é bom, mas não tenho esse hábito normalmente. Dormir para mim só a noite mesmo. Então.....até amanhã! Beijinhos!
                                                           

terça-feira, 26 de abril de 2016

28 - Virada no Samurai

                                                               



                                                                 Hoje acordei louca para dar voadoras em quem me chamar de bonita. Estou sem controle dos meus atos. A lerdeza que toma conta de mim se aliou a uma raiva, que não sei de onde vem. Iniciei o medicamento hoje. Estou tomando Euthyrox 100  e achei que começaria amenizar esse cocktail de sentimentos confusos assim que batesse no estômago. - Coisa nenhuma! Isso vai demorar e já vi que tenho que me trancar em casa para não magoar ninguém. Sei dos meus limites e não quero ser injusta. Não sou eu quem  habita  meu corpo;  É "Jessica" que atualmente mora nele  e ela não é nem um pouco legal.
                                                                 Agora entendo o filme "O médico e o monstro". Entendo um pouco mais os pobre bipolares e suas vítimas. Coitados de todos. Que bom que moro sozinha. Prefiro passar por essa etapa sem ninguém ao meu lado.
                                                                  Recebo vários vídeos pelo telefone  e não abro. Mensagens animadoras, de fé, esperança etc.... beleza! Em outras ocasiões eu acharia fofa a intenção de quem manda, mas nesse momento a única vontade que tenho quando o barulho do zap irritante grita dentro da minha mente, é a de atirar o celular do décimo andar. Nunca fui assim, mas que horror!
                                                                   Sorte minha tudo isso não se apresentar unidos de dores de cabeça, corpo, coceiras, ânsias etc.... então quem ia lá para baixo  seria euzinha mesma (mentira eu jogaria Jessica) , mas como separar de mim? rs  . Nem posso exagerar muito nisso se não uns amigos obcecados religiosos sem discernimento do que   é  sarcasmo vão me detonar e aí que vou perder "amigos".
                                                                   O que ver na TV nesses momentos? agorinha estava ouvindo Adele cantando Hello e me vi em lágrimas. Eu hein! já ouvi tanto essa música que já me encheu, mas hoje...... foi esquisito..... Vou procurar uma comédia dessas bem idiotas, sem ser romântica para eu tentar rir. Caraca tá sinistro essa mudança de personalidade. Nem me olho no espelho para não discutir comigo.
                                                                   Minha cachorrinha está bem quietinha no canto dela, só me olhando de banda porque ela sabe que não estou boa..... Nunca agrediria minha bonitinha e nunca deixaria Jessica fazer. Só estou completamente estranha mesmo.
                                                                   Passa logo tempo, passa logo, traz de volta meu sorriso, minha calma, minha coerência! Sei que vai passar, então vou voltar para minha toca e assistir Dia de Fúria com Michel Douglas.  Palhaçada! Vou assistir um  documentário sobre o parto de uma baleia.  Beijos e até amanhã!
                                                                 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

27 - Corpo espacial

                                                  


                                              Fica até difícil escrever  com essa sensação de  alma fora do corpo rs. Que coisa mais esquisita. Estou literalmente em slow motion. Não vejo a hora disso tudo acabar porque estou ficando sem meu humor habitual, meus olhos estão meio fechadinhos e levantar do sofá para a sala me requer habilidades de maratonista.
                                               Estou tão chata..... entediada e imaginando como existem pessoas que vivem assim o tempo todo mesmo com a saúde perfeita. Tão injusto ver pessoas em seu dia a dia com humor de cão, tratando mal ao semelhante a troco de nada e com sua glândula tireoide lá , tão bonitinha, tão perfeitinha..... ah....dá para mim se é seu caso e não está fazendo uso dela!
                                               Minha irmã , que passou o final de semana aqui comigo sabe como estou me sentindo e respeita muito. Ela sabe que não é proposital e se estou mais fechada e dormindo de dia quase o tempo todo é um problema passageiro.  Mesmo sabendo disso ela está sentada ao meu lado no sofá quietinha mas mandando mensagem de zap nesses moldes:  " Não fala nada. Quebrei mais uma taça!". Nem olho para o lado, nem tenho reação e só penso uma coisa: essas taças que ela quebra a cada louça que lava estão reservadas para ela  mesma em um futuro próximo. Vou para a Itália  em alguns meses e terei que me desfazer de minhas coisas. Ela simplesmente está acabando com seu próprio patrimônio. Falo nada, só fico gargalhando por dentro com a fachada séria kkkkkkkk. Fico com pena quando ela leva Milly na rua para os passeios porque ela necessita às vezes coloca-la no colo e é bastante doloroso. Mônica, devido a dois tombos no passado,  ficou com o o cóccix flutuante, pinçando o nervo coitada..... toda escangalhada mas não reclama de nada. Não vejo a hora de compensar tudo isso que ela faz por mim, a carregando comigo para passar uns dias de suas férias na Itália.
                                             Por falar nisso vou começar a ver com meu namorado sobre os hospitais de lá  para eu saber como é o controle da minha  doença. No Início  virei ao Brasil para isso, depois vou tratar por lá mesmo. Enquanto isso vou meditando, exercitando o cérebro porque atualmente é a única parte de corpo que aceita algum tipo de atividade.  Está ficando restrita a leitura por causa da visão fraca e  desfocada. Falar pelos cotovelos já me cansa bastante, então o que me resta é pensar.
                                              Viajo nas lembranças das minhas netas brincando, dos momentos maravilhosos com Danilo, na parceria com Mônica , nas pequenas coisas que sempre valorizei como  conversar com minha cachorrinha, dançar para ela, com ela, sair mesmo sozinha, beber meu vinho tinto, saudades de sentir sabor da comida, o cheiro das frutas, tudo isso que agora anda tão escasso nessa etapa  ....
                                               Voltem para mim hormônios! Tragam de volta a Marcia que se encontra encapsulada dentro do meu corpo!
                                               Com tudo isso não me sinto triste nem infeliz, uma coisa que conta muito. Estou esperançosa de ficar boa logo para dar continuidade a minha vida, mesmo  sendo diferente de agora em diante, dependendo de um medicamento que vou ter que tomar para sempre e para minha sobrevivência, mesmo tendo que ser monitorada de três em três meses para saber se o câncer apareceu em outro lugar no meu corpo. E daí? Estou mutilada de um órgão super importante mas estou inteira nas minhas convicções de ser feliz! Tente também !
                                              
                                                 
                                                  
                                                 
                                                  

domingo, 24 de abril de 2016

26 - O Rastreamento

                                        

                                                        Eu estava tão zureta com a falta de hormônios que até esqueci do dia do exame da pesquisa de corpo inteiro (PCI) para saber  se restaram células  malignas  ou se tenho metastase em outra parte do corpo. Nem quero pensar nisso agora...
                   Estou super confusa.   Feriado com    sábado,      segunda , tudo musturado na minha cabeça  via duas luas, me sentia como  um zumbi sem direção. Não necessariamente me sentindo mal, mas  totalmente fora de órbita e super estranha.
                                                        Mônica chegou no feriado à noite para dormir e me acompanhar  no dia seguinte e eu olhando para a cara dela meio lerda não entendendo nada. Ué? amanhã? seria trágico se não fosse cômico
                                                        Como de costume  começamos a conversar e eu pedi a ela que desacelerasse porque não estava em condições de processar nada. estava em "alfa". Logo fomos dormir mais cedo porque acordaríamos às 0600h .  O dia amanheceu, Mônica aplicou a dose de insulina na minha cachorrinha diabética , tomamos um café leve e nos mandamos. Eu na minha lerdeza infinita e ela diminuindo o passo para me acompanhar.
                                                         Chegamos na Clínica um pouco mais cedo e ficamos papeando aguardando a hora do exame. Estava tudo certo, não precisei de contraste porque já estava colorida internamente o suficiente pelo resquício do iodo 131.  Antes da hora fui chamada e encaminhada para o primeiro andar, onde entrei sozinha na sala do procedimento. Mandaram eu ir ao banheiro para esvaziar a bexiga e depois  Deitar. Colocaram uma espécie de cinto de contenção  nos meus braços ( me senti uma prisioneira de guerra), e o médico disse para eu me tranquilizar, que eu não poderia me mexer, mas podia engolir e respirar durante o exame. Agradeci muito por ser permitido respirar por quase uma hora kkkkkkk
                                                       Iniciado o exame, fechei os olhos e fiquei imóvel pensando mil besteiras, como por exemplo num relato de uma menina que não pode fazer porque estava com excesso de gases. Fiquei rindo para dentro imaginando como seria se eu quisesse liberar gases? será que daria para ver? será que mostraria purpurinado?   AR FLUORESCENTE SAINDO! PERIGO! PERIGO! EVACUEM O LOCAL!  Só penso besteiras, mas ali naquele momento ou era isso ou era querer coçar o nariz sem poder.  Optei por viajar  na maionese já que não ia ser tão rápido.
                                                       Eu me enganei. Fiquei de olhos fechados o tempo todo e achei que se resolvesse abrir eu ia perceber o confinamento, mas que nada, quando percebi já estava com a máquina nos pés. Novamente imaginando... será que tem alguma coisa embaixo de uma unha encravada?  Meus pensamentos ridículos foram interrompidos quando o medico disse que tinha acabado. Foi mais rápido do que pensei. Um alívio!
                                                      Fiquei de voltar no dia 29 de abril para pegar o resultado e já poderei começar a tomar meu remedinho diário para colocar "a casa em ordem" assim que fizer uns exames de sangue   em três dias. Agora as coisas vão voltar ao normal com a graça de Deus!
                                                      Fomos para casa.  Caminhamos pela orla  bem devagar para que eu sentisse o cheiro do mar, o cheiro da natureza, o cheiro da vida!
                                                      Mônica fez um almoço incrível de lamber os beiços, e após comer, ficamos largadas na sala no sofá cama falando bobagens, falando do futuro e  planejando .......
                                                        

sábado, 23 de abril de 2016

25- Choque de ordem!

                                                            


                                                     Esse post em especial é voltado para os portadores do câncer de tireoide e suas familias.  São infindáveis dúvidas sobre essa doença e por vezes, ao ler blogs, páginas fechadas sobre o assunto, vejo que os pacientes e pessoas com quem convivem ainda tem dificuldades demais sobre o assunto e muitos médicos não tem a sensibilidade de conversar a respeito. Ainda bem que isso não aconteceu comigo, mas as reclamações são imensas.
                                                      O que ocorre? as pessoas ficam enlouquecidas fazendo consultas umas com as outras, como se fosse troca de receitas de bolos online e é assustador.  O que meu médico receitou para mim, as orientações, proibições  e permissões são para mim e ponto. E o que é para geral todo mundo sabe porque isso não é bagunça.
O que foi receitado para outro é para o outro.   Ok procurar  saber onde se acha sal sem iodo, como fazer aquela receita com os ingredientes permitidos, até aí vá lá, mas a pessoa dizer que vai passar a tomar a metade do remédio, que vai comer só um pouquinho de sal iodado, que vai fazer uma corridinha três dias após a cirurgia e pedir opinião  publica  já é demais.
                                                     Devemos ter responsabilidade sobre o nosso corpo, nossa saúde e isso depende muito mais de nossas atitudes do que dos médicos. Eles fazem a parte deles então, façamos a nossa.
                                                      A mãe que tem um bebê  e é obrigada a ficar no isolamento no hospital e depois ficar três dias longe das crianças em casa sabe que é uma tarefa difícil. Melhor deixar com a vó, sogra, pai, seja lá com que for até que o prazo seja cumprido, não é? Mas leio coisas como:  - Mas que mal tem? Meninas, o que acham? eu não consigo ficar longe dos meus filhos!  Gente "Pelamor"!!!!!  Se o médico diz não é porque está seguindo um protocolo rígido e isso é muito sério.  As meninas respondem ah, eu peguei logo meu filho, eu nem quero saber.... Nossa... para mim isso não é amor. É ignorância.
                                                     Alguns companheiros  mais fogosos acham que as suas respectivas devem assumir imediatamente o papel de escravas sexuais, com a desculpa da saudade. Se ele quer ficar com o bilau radioativo fazer o quê, depois não vai reclamar de infertilidade, impotência, e outras coisitas mais que possam ganhar de brinde  no futuro. Mas não se deixe cair nessa conversa porque vejo tanta auto estima lá no pé por falta de hormônios, ou mesmo por excesso de cobrança que tenho até pena. Explique para seu boy magia que ele corre riscos na  saúde  ou  se sentir mais segura troque logo  esse mala por uma caixa de chocolates e sossegue a periquita radioativa por um tempinho.
                                                      Por outro lado, parem de colocar tudo na conta do câncer. Tem muitos sintomas que para muitas vem junto   sim, mas pense bem, aí sozinha no seu isolamento forçado durante sua iodoterapia o quanto você tem sido intolerante, chatinha, mal humorada desde muito tempo. Não se aproveite da doença para afastar o maridão que está sempre a seu lado, ou seus filhos que você não tem muita paciência. Não use a doença para afastar as pessoas. Tente fazer com que se unam para te ajudar.
                                                       Em contra partida, é normal sentir medo, ansiedade, caimbras , cansaço, pés inchados, insônia, fraqueza, unhas e cabelos quebradiços. Sim, tudo isso pode acontecer para muitas e para outras esses sintomas  passarem batidos.  Ninguém tem obrigação de ser super mulher o tempo todo e também ninguém tem que se fazer de vítima e exigir pena de ninguém  se transformando na pessoa mais infeliz do mundo. As chances de cura estão aí, cada dia que passa a medicina fica mais moderna, mais acessível. Muita gente não tem tanta sorte como outras, mas vamos ser positivas, vamos nos cuidar. A vida é linda demais para a gente deixar passar. Segure as rédeas da sua , monte nela   e hiupiiiiiiiiiiiiiiiiiii    Vamos lá!
                                                       Ninguém falou que seria fácil.  Obrigada! De nada!
                                                    
                                                     
                                                       

sexta-feira, 22 de abril de 2016

24 - Algumas considerações

                                                  


                                                                   Enquanto vou aguardando, cada vez mais forte e sem sintomas desesperadores, o exame de pesquisa de corpo inteiro (PCI), para superar esse capítulo da minha vida,  vou passando para vocês algumas considerações.
                                                                   - Não, não vou ficar careca, pele queimada e perder quilos exagerados  por causa do tratamento de iodoterapia. Esse tratamento é forte, mas bem diferente da quimioterapia e radioterapia. Optei por cortar os cabelos muito antes de saber que estava doente. Para quem me conhece de verdade sabe que gosto de ser uma "camaleoa" na vida e na aparência. Nos últimos anos usei cabelos de diversos cortes, tipos, comprimentos,  texturas e ano passado resolvi que queria ficar com cara de "manga chupada" e pronto kkkkkkkk!
                                                                  - Não fico o tempo todo deitada tomando sopa, sendo ajudada para tomar banho, comer, e não tenho enfermeira nem acompanhante ao meu lado. Tenho visitas  (raras) e apenas no período de isolamento que tive mais restrições, mas durou pouco. Eu escrevo, canto, vejo muitos filmes, rio muito, observo muito e uma coisa legal foi me desligar um pouco de facebook. Amei isso! Posso melhorar e vou tentar.
                                                                    -  Vou ao mercado, farmácia, converso com vizinhos, só me limito ao tempo e não carrego peso porque estou com a reserva de hormônios baixa propositadamente até encerrar o tratamento, depois, vida que segue.
                                                                    -  Descobri que tenho mais fé  do que alguns conhecidos "obcecados religiosos", que se desesperaram mais do que eu, que indagaram  minha fé, que tentaram me dar aulas de comportamento Cristão  perante a doença, mas que mantem suas vidas pessoais vazias, tristes, infelizes, e o pior de tudo com problemas menores que o meu, acobertadas por uma falsa tranquilidade, uma "fé" para  "inglês ver" nas redes social  e eu consolando.  Foi notória a discrepância!!
                                                                    - Também confirmei as suspeitas de que as pessoas são mais estranhas do que eu supunha até então. Algumas  preconceituosas, ignorantes,  pensam que câncer pega no toque. (??????)
                                                                     - Interessantes pontos de vista, dietas recomendadas, médicos milagrosos, receitinhas para a garganta (????????) ,  revelações bombásticas  tipo:     -  "Eu também tenho tireoide"! quase pedindo para eu não espalhar a notícia.  ( Jesusssssss    todo    mundo tem né? ), a não ser que tenha sido  removida em cirurgia , nascemos com ela.  De repente descobri que muita gente teve um amigo ou conhecido que já tiveram  "a tal  da tireoide"  e ninguém morreu por isso. ( Nossa que ótimo!)  e eu mesma nem sabia do que se tratava direito das funções  dessa glândula até me depara com o câncer . Tenho um grupo  na internet e todos os dias  vejo casos  de sucesso e outros não, infelizmente.
                                                                     -  E enquanto vou aguardando, fico  avaliando, analisando, lendo sobre estudos médicos fundamentados para melhor entendimento. Vou me surpreendendo com tamanha ignorância de muitas pessoas. A sandice que mais ouço é aquela      máxima :  - Você  que malha, tem vida regrada, não come gorduras nem doces em excesso, dorme oito horas por dia, não toma antidepressivos nem remédios controlados teve câncer, então eu vou é continuar com meu cigarrinho, meu alcoolismo, vou encher a pança como se não houvesse amanhã, porque no final todo mundo morre! Gente! se tive foi por fatores  hereditários e se estou aqui bem, firme na rocha, primeiramente agradeço a Deus por permitir e depois  a minha  saúde   incrível que não me deixou cair e que  está me ajudando a levar tudo isso com os "pés nas costas"! Imagina se faço tudo isso com meu corpo, meu templo sagrado! Eu hein.... Terapia já para esse povo auto destrutivo!  
                                                                        Ler é muito bom. Ver vídeos e descobrir que até entre a classe médica existem discordâncias . Normal!
                                                                        Então, é o que temos para hoje. Ontem a manicure fez minhas unhas aqui em casa, eu mesma fiz uma escovinha moderna  nos meus cabelos, que apesar de quebradiços continuam aqui firmes e mais ou menos fortes e ralos como sempre foram. Nada mudou quanto a isso.
                                                                 
                                           
                                                                   

quinta-feira, 21 de abril de 2016

23 - Dedicado a Mônica

                                                            


                                                     Nesse post eu queria falar da minha relação de amor, fraternidade e cumplicidade com minha irmã. Mônica  é cinco anos mais nova que eu e como já disse é psicóloga atuante. Trabalha muito, faz seus cursos, meditação, cuida de marido, filho, mora distante de mim, mas é a pessoa que está ao meu lado a todo momento que preciso. Ela é incansável, inabalável, me passa tranquilidade, carinho, segurança e tudo mais que um ser humano necessita para se sentir acolhido em um momento tão difícil da vida. A profissão ajuda, é claro, mas no nosso caso, o sangue que nos une está acima de qualquer outra coisa.
                                                     Meu raio de luz também tem problemas de saúde e não são fáceis. Muito pelo contrário. Ela não fala quase sobre isso. Toma seus remédios, tenta superar suas dores de cabeça infindáveis por um motivo bem grave que ela quase não comenta,  e vai a luta. Como eu admiro essa mulher que consegue  ser tudo isso, ser essa fortaleza a qual  tento me espelhar   todos os dias!
                                                    Ah, qualquer pessoa poderia estar aqui, seria mais fácil, seria mais óbvio, mas não!   Contrariando as leis da auto preservação da  sobrevivência , seria a última da cadeia de seres humanos que poderia se expor aos níveis de radiação a qual estou emitindo. Com todas as medidas de segurança ela se arriscou a ficar três dias na minha casa que não é nem um pouco grande, para ficar perto de mim, muitas vezes rompendo a barreira de 1,5m de segurança para me entregar um copo de água e me fazer comer seu "arroz jasmim" ( com frango quinoa  e cenoura). Para isso não há preço, não há ouro, diamante nem nenhuma riqueza  a ser paga  na face dessa terra.
                                                    Temos nossos momentos comédia quase o tempo todo. Quando falei para ela que eu ficaria em casa sozinha em isolamento ela disse que não. Bateu o pé e pronto! Eu disse: - Tudo bem! se tiver que acontecer alguma coisa com você vai ser só daqui uns dois anos mesmo..... OPS! (mandei muito mal)
                                                    Mônica é bem descolada e eu tenho minhas coisinhas de "marca", para durar mais e não ter que repor por alguns anos  (quando eu estava podendo comprar né rs). Ela não esquenta com essas coisas e nem se liga.  Fiquei olhando ela desfilando com o cabelo preso em casa com meu pincel de maquiagem mais barato da MAC de cento e vinte reais como se fosse um grampo de cabelo que a caixa  custa dois reais kkkkkkkk. Falei para ela com cuidado. Riu muito e ainda ficou debochando  da minha cara.... essa é minha irmã!   Mas gasta quase quinhentos reais em seus lindos cabelos, vê se pode!
                                                     Já nos ajudamos muito nessa vida. Eu faria o mesmo que ela faz por mim, e que ninguém tenha  dúvidas. Adoro ver filmes com ela, comentar, parar de ver, dar pausa, falar de outras coisas e ao mesmo tempo decidirmos que o filme é uma porcaria e vamos ver outro.  Ela adora comer bobagens e eu sou meio zen. Ela ama livros eu também.  Ela adora programas de culinária, eu aprendi a gostar . Ela ama os noticiários de várias emissoras que passam mais notícias de São Paulo que do Rio e eu detesto kkkkk (disso ela não sabe, mas vai ficar sabendo agora). Ela  é capaz de passar horas falando se seu trabalho e eu adoro ouvir.  Ela  é psicóloga e eu policial. Tínhamos a visão diferente das pessoas. Aprendi a entender mais sobre o ser humano, a prendi a me tornar uma pessoa melhor. Aliás, estou aprendendo a cada dia.
                                                    Eu poderia escrever um livro sobre ela, mas decidimos um dia escrevermos as duas juntas sobre nós. Hoje em homenagem a essa pessoa mais do que especial da minha vida, aproveitei que ela foi para casa e estou muito melhor para fazer essa pequena homenagem. Aproveitei para colocar um vestido que ela deixou aqui e usar os seus óculos de grau para senti-la de uma outra forma. Sentir seu cheiro, sua essência que não tem perfume no mundo que ela possa usar e eu  possa traduzir.
                                                    Como te amo Mônica Jeronimo 
                                                  

quarta-feira, 20 de abril de 2016

22 - Em casa

                                                 




                                                                       Cheguei em casa me sentindo cansada, só querendo dormir. Era quinta feira. Minha vizinha Sandra abriu a porta e me olhou de longe conforme instruções prévias. Eu só queria ficar em paz. Mônica chegaria no dia seguinte à tarde. Tomei um banho e fui para a cama. Nada comi pelo terceiro dia. Nem pensar. Achei que ia para parar no soro, mas pensei: qual médico vai me tocar estando radioativa? Melhor ficar no meu canto e tentar dormir. Foi o que fiz. No intervalo bebia água e vomitava. A água me fazia vomitar. Queria acordar e ver minha irmã perto de mim. Acabei adormecendo no chão geladinho do banheiro e por lá fiquei por mais de uma hora.
                                                                        Levantei e os olhos estavam ainda pesados. tomei  outro banho e fiquei na cama virando de um lado para o outro. Minha noite não foi melhor do que no hospital. Eu era obrigada a beber muita água para poder expelir pela urina a radiação aos poucos. Só assim eu me sentiria melhor. Passando mal a noite toda, dormindo, acordando, levantando, urinando, dando cinco descargas no vaso sanitário, lavando as mãos, secando, retornando ao quarto, deitando, virando para lá para cá, bebendo água........ Nossa! Misericórdia! E os pesadelos no meio disso tudo?
                                                                      Nesse momento quero relatar que o que aconteceu comigo foi a minha experiência. Não tenho a pretensão de dizer que todas as pessoas passaram ou passarão por isso. Não sou parâmetro para ninguém. Não quero deixar ninguém apavorado com o que estou descrevendo. Repito que  ouço e leio relatos de muita gente  que diz que não sentiu absolutamente nada!  Que coisa boa! Mas comigo não foi assim. De modo algum! E com você que vai passar pela iodoterapia também não será. Ouça os médicos, evitem fazer o que eles falarem. Se falam é porque tem experiência suficiente para ver os efeitos colaterais e te sinalizam. Alguns pacientes são sugestionáveis. Eu  sou muito positiva e fui na certeza que ia ficar ótima, mas .......
                                                                       Voltando de onde parei, depois daquela odisseia interminável de horrores , a manhã chegou  junto com  o quarto dia e o quadro mudou um pouco . A dor de cabeça diminuiu mas não cessou, os enjoos foram cessando também, mas não o suficiente para que eu fizesse uma refeição. Comi um pedaço de maçã mas  ela  "voltou". A boca ressecada , saliva grossa, paladar ainda alterado. Sandra minha vizinha mandou um zap e eu apertei os olhos para ler. Perguntou se eu queria um macarrão aos quatro queijos. rs.  Corri para o banheiro.
                                                                      Outro  banho e  Mônica chegou. fui para o  quarto na certeza que eu estava "salva". dormi praticamente o resto do dia e a noite inteira novamente, mas dessa vez sabendo que ela estava ali. Do outro lado da parede, na sala,  quietinha, pronta para qualquer coisa que eu precisasse.  Preparada para tudo. Me senti em paz.

                                                                       

terça-feira, 19 de abril de 2016

21 - Iodoterapia segundo dia

                                                    


                                                     Me arrependi amargamente de ter comido com tamanho olhão tudo aquilo. Cada um tem um organismo, cada um tem um tipo de alimentação e as reações são muito diferentes. Variam muito de pessoa para pessoa. Eu enjoei de verdade, fiquei sentada no banheiro, "chamando Raul" no vazo sanitário. Jesus Amado! Porque fiz aquilo? eu deveria saber! (bem fui avisada pelos médicos mas não levei em conta) Hoje sei porque me olhavam com aquela cara quando eu perguntava se poderia comer minhas coisinhas...... já sabiam...... me avisaram: - Você pode enjoar......
                                                     Comecei a passar mal, uma dor de cabeça horrorosa, não conseguia mais comer absolutamente nada. Muita gente dizia: - Não senti nada, outros diziam: - senti isso, aquilo.... mas  acredito também que varia muito da quantidade do iodo que se ingere. Tem quem beba 40, 50... eu bebi 150. Pelo amor de Deus! senti fraqueza, suei frio e tudo mais. Pedia por telefone plasil para os enjoos e remédios para dor de cabeça. Foi um pesadelo! meu segundo dia foi péssimo. Meus olhos doíam como se eu estivesse no auge de uma crise de enxaqueca. Foi barra pesada no meu caso. Que raiva me deu de quem afirma  que esse  tipo de câncer é "bonzinho". Bonzinho é @#'%¨&%0 . Pode ter maiores chances de cura dependendo do tipo, da idade da pessoa, das doenças pré existentes, nossa.....depende de tanta coisa gente..... não dá para transformar uma doença que te deixa debilitada juntamente com a falta de hormônios, iodo radioativo dose barra pesada,  em uma doença "boazinha " comparando  com os outros. Câncer é câncer. O de mama pode ser melhor do que o de pulmão para uns e fatal para outros, ou vice versa.... e com metástases então...... pior ainda! pronto falei!
                                                      Terminei a noite daquele jeito.  Só via os bracinhos esticados colocando a alimentação na mesa junto com  um bom dia, boa tarde e boa noite dos enfermeiros  que ao final eu nem conseguia responder nem tocar mais em nada.  Mandei uma mensagem  para meu filho e irmã e pedia para eles repassarem porque eu não tinha a menor condição de digitar nada ou ver vídeos engraçadinhos que me mandavam (depois de quatro dias que pude  ver).
                                                       Tomava banho sozinha nem sei como. Realmente a experiência não foi tranquila nem favorável. A única coisa que eu fazia era pedir a Deus que eu ficasse boa logo e principalmente que eu não precisasse passar por tudo aquilo novamente porque existem casos que é necessário uma segunda dose e eu já entrava em pânico só de imaginar.
                                                        Gosto de estar preparada para as minhas batalhas, mas dessa vez superestimei o inimigo. Achei que ia passar impune por aquilo, mas foi uma grande lição.
                                                        Além disso tudo eu não conseguia sentir cheiros, barulho de TV, claridade, tudo me incomodava. A única coisa boa é que no dia seguinte eu estaria em casa e  no meu cantinho eu com certeza me sentiria melhor.  O dia seguinte chegou e às 10 h da manhã fui liberada. Ouvi as instruções do médico nuclear (ouvi  coisa nenhuma,  depois li tudo que ele falou porque estava no papel).  Ele mediu minha radiação logo após eu beber o iodo quando internei  e  antes de ir para casa. Disse que estava bem baixa e eu deveria fazer os procedimentos de segurança de praxe.  Ele perguntou se estava tudo bem e eu respondi que ficaria depois que eu vomitasse novamente. Ele mais do que rapidamente saiu do quarto e eu corri para o banheiro.  Coloquei para fora sei lá mais o que, o estômago doía e tomei um banho. Me senti um pouco melhor. Peguei um taxi e em dez  minutos estava em casa.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

20 - A tão temida iodoterapia

                                                    
                                                                           




                                                    Enfim chegou o dia da tão misteriosa e temida iodoterapia. Fui para a clínica com minha malinha pronta para passar três dias. Antes de ir para o quarto fui fazer a cintilografia. Já havia tomado uma quantidade de iodo  para contraste no dia anterior.
                                                    Antes da cintilografia fiquei em uma sala de espera, junto com outras pessoas, com água e cafezinho disponíveis. Aguardei dez minutos e resolvi (não sei o que deu na minha cabeça), tomar um cafezinho antes. Preparei o copinho, coloquei adoçante, enchi de café  e quando ia beber ouvi lá da porta aquele sonoro nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao!!!!!!!!!!!!!!     Cheguei a levar um susto. Era o enfermeiro que ia fazer o procedimento. Quase dando um salto triplo mortal para me impedir. Todos olharam.  Foi por um triz! Ele disse que  se eu ingerisse qualquer coisa deveria aguardar mais duas horas para o tra Tudo que eu não queria. Estava bem humorada, me sentindo ótima e não queria estragar meu bem estar com ansiedade da demora.
                                                    Fiz o exame e me surpreendi porque foi apenas na área afetada. Não foi de corpo inteiro dessa vez. Tudo ok. Fui para o quarto que fotografei acima,
( o famoso iodo  não  foi permitido ser fotografado) e logo vieram os profissionais para tirar minhas dúvidas. Primeiro a enfermeira que perguntou se eu tinha equipamento eletrônico e eu disse que sim. celular e notebook. Esses utensílios foram embalados em plástico filme  para que eu usasse  com segurança posteriormente em casa, logo que tivesse alta e retirasse. Levei algumas coisas recomendadas por quem havia feito o procedimento. Limão, frutas cítricas, ( o que não foram recomendados e ainda me olharam incrédulos com o arsenal). Chocolate foi permitido apenas um pedacinho, mas de ante mão já avisaram que eu poderia enjoar. (dito e feito).
                                                   Após dirimir dúvidas chegou o anfitrião : Sr iodo radioativo. um copinho pequeno com 150 mCi. (essa medida é como um copinho plástico de cafezinho). Estava dentro de uma espécie de copo revestido de material pesado. Fui orientada a não segurar em nada, foi colocado na mesa e eu deveria  apenas colocar a boca no canudinho e beber tudinho e logo após beber meio copo de água que já estava próximo, assim que o técnico se afastasse e ficasse do lado de fora do quarto observando.  Quase engasguei de nervoso,  mas consegui. Não tinha sabor de nada, aliás parecia uma água  mais pesada, leitosa, sem cor ou cheiro, algo assim. O rapaz  pegou com cuidado o material depois que terminei , assim que eu mantive distância de uns dois metros e se foi. Fechou a porta e eu me senti com o dever cumprido.
                                                   Peguei o celular e  contei um pouco de tudo isso  para alguns da família,  poucos amigos e meu grupo da internet que sofre dessa doença porque a curiosidade é enorme e cada informação nos deixa mais tranquilas (ou não). Se passaram duas horas, veio minha comida. Eu tinha uma fome louca apesar de comer pouco derrubei em quatro minutos a lasanha a bolonhesa, arroz e beterraba. Comi a fruta de sobremesa e o suco.  Mais tarde um pedacinho de chocolate  mínimo. A noite chegou. Chupei um pouco de limão porque meu rosto inchou um pouco por causa das glândulas salivares.
                                                   Depois de tudo isso bebi bastante água  de madrugada. Eu me sentia levemente enjoada. Assim foi o primeiro dia.
                                                   
                                                  

domingo, 17 de abril de 2016

19 - a dieta esta no fim.

                                       Estou na reta final da dieta pobre de iodo. Passaram duas semanas e foi rápido.  Senti alguma  diferença na alimentação. Sempre procurei me alimentar bem e apesar das restrições eu não sofri  por exemplo por não poder comer salgadinhos de pacotes, pães, biscoitos e chocolates, apenas porque não comia esses alimentos  de maneira habitual. Simplesmente perdi a fome em alguns momentos por não poder variar muito. Senti mais falta  do peixe, torradas integrais, folhas verdes, bacalhau, camarãozinho...hummmm  mas o bife e frango ok. No sal sem iodo que mandei manipular temperado com ervas secas que podia
                                      . Agora deu vontade enorme  de comer couve refogada, repolho, tempero verde fresco e tudo que fazia parte da minha rotina. Disso tudo senti falta de verdade, mas deu para tomar café da manhã com aipim ou batata doce  com  manteiga sem sal  e mamão. Tudo numa boa. O feijão que raramente eu comia porque substituía com alimentos equivalentes, tive que incorporar.
                                      Achei que poderia engordar pela falta de hormônios associada com o sedentarismo,  mas o ponteiro da balança em  nada alterou nem sei porque.
                                       Pensei que ia ficar fraca demais, sem energia como li em muitos relatos do meu grupo de facebook, mas não senti nada demais ainda bem.
                                        Nessa semana resolvi questões burocráticas, andei de metro sozinha por dois dias,  fui ao mercado mas não carreguei peso. Coloquei meu lencinho no pescoço e saí por aí. Me senti livre,  leve, solta , independente e muito mais confiante.
                                       Vejo TV o dia inteiro e estou aproveitando para assistir os filmes de sequencia que ainda não vi,  filmes policiais, terror (esses só de dia, porque não rola ir ao banheiro na madrugada depois rs). CSI, casos de crimes e suas soluções, notícias... tudo que se possa imaginar. Me distraio bastante assim.  Milly minha dog, me faz companhia mas não quer nada comigo em relação à brincadeiras. Acho que está entediada.
                                          Se duvidar estou ficando sem digitais de tanto teclar no celular e notebook. Como não posso sair muito sozinha, tenho que arrumar alguma coisa para fazer nesse verdadeiro confinamento. Atual diversão para mim é ir na casa da vizinha Sandra jogar conversa fora. Outro dia foi aniversário dela e eu me arrumei toda. (do meu jeito né, porque não posso usar maquiagem, esmalte, não posso pintar cabelos, usar hidratantes, perfumes, nada de nada disso). Desodorante só um pouco porque ninguém merece  e eu não consegui pesquisar se tem iodo, afinal o que não tem?)
                                          Fiquei feliz porque ela disse que fui a  "alma da festa". Éramos apenas eu, ela, a filha duas amigas e dois amigos, mas me senti  uma celebridade de tanta atenção que recebi. Falei horrores, mesmo com a voz rouca e falhando contei muitos casos.   Quase não comi porque obviamente não podia comer 1/10 das guloseimas (ainda bem que não sou olhuda). Amei aquela noite. Sempre dou valor a boas conversas, e me senti incluída. Foi num dia de semana e como o meu pessoal trabalha e eu fico só , para mim foi muito especial.
                                           A segunda etapa está chegando.  Comecei a preparar a mala para o SPA forçado. Nem vou levar muita coisa porque não terei atividades além de internet e TV. Estou na expectativa mas não chego a ficar ansiosa. Quando se adquire uma enfermidade como essa, o ideal é ter paciência, tranquilidade e viver dia após dia porque de nada adianta se desesperar. Só atrapalha o tratamento. Minha esperança é eliminar de vez algum resquício de célula cancerígena no meu corpo. A cicatrização está melhorando a cada dia. Não posso reclamar de nada. Papai do céu está olhando. Até depois!
                                                                            

sábado, 16 de abril de 2016

18 - O ser Humano

                                         


                                                         Depois de ter marcado na Clinica nuclear, fiquei em casa cuidando das minhas coisas aguardando o grande dia chegar. Eu tinha me prometido  que não falaria sobre isso no facebook. Não por medo, vergonha, nada disso. Achei que ficar anunciando uma doença é estranho. O que me fez mudar de ideia foi a divulgação da notícia "por baixo dos panos",  apavorando as pessoas.
                                                        Parecia que eu estava com um atestado de óbito colado na testa. Se o objetivo do blog era atrair um grupo de pessoas que tem ou tiveram a doença, um objeto mais particular, eu pensei: - Vou usar o facebook para contar o que está acontecendo e vou dar o nome do site para quem quiser acompanhar e saber exatamente dos fatos. Assim evito conversa fiada, suposições e notícias falsas. Aproveitei a campanha do desafio de colocar cinco fotos em que estamos nos sentindo mais bonita. Fui desafiada por uma colega e aproveitei para lançar minha bomba. Postei fotos no hospital, com curativo e desafiei o câncer de tireoide.
                                                        Foram quase duzentas pessoas que mandaram mensagem de força e fé. Me senti abraçada. Pessoas que eu tinha contato distante ficaram mais próximas, pessoas que eram mais próximas se afastaram....enfim...cheguei a conclusão que o ser humano é uma caixinha de surpresas. Meu celular ficou praticamente mudo por dois dias. Nem mensagens eu recebia. Fico pensando... será que é assim mesmo? Ninguém quer "incomodar"? mas eu queria ser incomodada. Fiquei irritada com isso. Depois foi melhorando. Recebi quatro visitas alternadas. É óbvio que não estou me referindo  a pessoas que são apenas conhecidas, que não fazem parte de minha convivência. Mas como costuma-se falar por aí... "Deixa quieto"!
                                                      Falando agora do blog, isso sim me surpreendeu positivamente. Com apenas 10 dias de postagens , teve mais de mil e quinhentas visualizações. Não recebo muitos comentários, mas acho que serviu para quem quer acompanhar e outros que preferem  ficar por trás dos bastidores rs. Tem amigos que não se interessaram em ler, teve conhecidos que  me falaram de casos na família, outros que tem a mesma doença se sentiram mais esperançosos , e se apenas minha família tivesse lido já seria bom. Já valeu!
                                                        Assim vou aprendendo , melhor dizendo, fazendo pós e doutorado  na matéria de como é o comportamento do ser humano.
                                                        Meu filho, namorado, família e alguns amigos mais próximos e conhecidos que viraram amigos são o que realmente importam. Dou graças a Deus por estarem comigo. Imagina se sou uma pessoa só. Aí sim, eu ia me preocupar de verdade.
                                                     

                                                         " A vida, essa minha vida que é só minha.
                                                            Absolutamente ninguém pode vive-la por mim,
                                                            Ela é exclusiva, intransferível, não se pode dividir
                                                            Não pode ser trocada, não pode ser barganhada
                                                            Pertence só a mim, mas pode ser regada com afeto"
                                                                     Marcia Jeronimo
                                                      
                                                        

sexta-feira, 15 de abril de 2016

17 Centro de medicina nuclear

                                              Depois de dar a notícia para a família e amigos, ter que explicar inúmeras vezes o que estava acontecendo, falei com meu irmão Marcelo para me levar logo na segunda feira no Centro de medicina nuclear para saber informações sobre o  procedimento.  Minha amiga  Fernanda  de longa data me ligou  para saber se ela poderia me acompanhar e encontrar comigo lá . Achei ótimo!  Além dela ser uma excelente companhia , eu precisava de segurança para compreender o que o médico falaria. Estamos sempre trocando informações sobre alimentação e qualidade de vida e naquele momento foi providencial . Só tinha cinco dias de operada e estava com a memória e os pensamentos ainda confusos, mas ainda sim bem humorada.  Ela mora bem perto da clinica e deixaria sua linda bebê com alguém em casa para  prontamente  ir me ajudar.
                                                 Marcelo saiu do trabalho no meio expediente na segunda  para essa MM (Missão Marcia)   depois retornaria . Fomos  para a Clinica. Ele me olhava desconfiado, sem saber se me pegava pelo braço, se  me abraçava, estava sem saber como lidar com aquilo tudo, tadinho. Me ajudou muito. O trajeto foi rápido e em  poucos minutos estávamos lá.  Algumas pessoas preenchendo fichas, outras sendo chamadas. Meu irmão me conduzia pelo braço como se eu fosse desmontar a qualquer momento. (mas não ia mesmo rs). Entreguei para a recepcionista os documentos e ela pediu para eu aguardar que o médico faria uma entrevista para me colocar a par de tudo que ia acontecer no tratamento de iodoterapia. Eu já tinha bastante informação mas ali no local com o responsável seria diferente. Agora era " à vera" !
                                                  Fernanda apareceu e foi um alívio para Marcelo.  Ele saiu e ficou na calçada  fazendo suas ligações telefônicas  enquanto nós duas sentávamos para tricotar. Ela já me conhece bem e não se surpreendeu quando me viu super bem , apesar de tudo. Lembrou que ligou para meu telefone e eu atendi logo após ter chegado ao quarto pouco depois da cirurgia. Foi a primeira pessoa com quem falei no telefone quando voltei da cirurgia  Já estava  na ativa novamente!                             
                                                 Rimos bastante e dessa conversa saiu a ideia do Blog. Falei da necessidade de escrever e contar para as pessoas tudo que eu estava passando. Ela achou bacana (adoro usar esse termo por causa da Mônica. Quando ela fala soa diferente. Tudo fica mais bacana). Algumas pessoas fazem blogs, páginas de facebook..... Minha intenção era trocar informações e atualizar as notícias para as pessoas, mas na verdade ("na verdade" é o termo que Manu, minha neta de 4 anos usa sempre e eu adoro rs), o fato de eu escrever funcionou como uma terapia. Vai fluindo, vou lembrando , quando vejo os textos vão saindo leves e bem humorados do jeito que eu sou. Me ajuda muito a administrar essa nova etapa da minha vida.
                                                   - Sra. Marcia Jeronimo!    Entramos na sala espaçosa e bem decorada. No centro , sentado à mesa, o médico responsável pelo tratamento.  Me senti nervosa, mas minha amiga me dava segurança. Eu tinha medo de não entender nada por causa dos neurônios dormentes rs, ela traduziria para mim depois.
                                                     Não teve muitas novidades. A única coisa diferente que ele disse     é que eu deveria ir um dia antes do tratamento para fazer uns exames e isso seria dia 11 de março de 2016. o PCI que é a pesquisa de corpo inteiro, uma espécie de tomografia mais detalhada que vai mostrar a quantidade de células tireoidianas existentes no organismo para que seja calculada a dose máxima de iodo a ser ingerido que não cause dano. Foi marcada a internação para a iodoterapia no dia 12 e eu deveria ficar por três dias,  já  preparada com a dieta pobre de iodo  iniciada duas semanas antes. Recebi a lista de alimentos que não deveria ingerir como citei no outro post, e ele disse que eu poderia levar laptop, celular, roupas leves comuns, água de coco, balinhas,  essas coisas, porque durante a internação eu não receberia visitas, então deveria me sentir o mais confortável possível As balinhas são um meio de salivar para atenuar possíveis dores nas bochechas.(tem gente que chupa limão) Vou levar e vou chupar como se fossem balas toffee.
                                                      Para mim estava de bom tamanho porque morando só estou acostumada a ficar alguns dias sem falar com ninguém, só teclando com Danilo e zap com meu povo.  Logicamente é um AP de temporada na zona sul que não desejo para ninguém. 
                                                      Ele perguntou se eu queria saber de mais alguma coisa e eu disse que não. Fernanda ainda fez algumas indagações que sinceramente não lembro agora e  tiradas as dúvidas, saímos.
                                                       Marcelo estava de pé no corredor nos  aguardando, me despedi dela e depois que ele  me deixou em casa ,  seguiu para o trabalho e eu para a minha vida doméstica  com ressalvas, mas agora mais independente. Comecei a escrever nesse dia.